Romantismo 2ª Geração


Mal do Século
Postura exagerada, associada ao arrebatamento sentimental, característica dos autores da segunda geração romântica.
Também conhecida como Byroniana devida á influência de Byron e de Musset- românticos europeus que levaram ao extremo a exacerbação dos sentimentos e fantasias mórbidas e Ultra-Romantismo receberam a denominação de mal – do – século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão, em que os poetas voltaram-se inteiramente para dentro de si mesmos, expressando em seus versos pessimistas em profundo desencanto pela vida. Muitos marcados pela tuberculose, mal que deu nome á fase. Os principais temas das composições poéticas desse período giram em torno de: egocentrismo duvida, tristezas, pessimismo, desenganos, tédio, amor insatisfeito, depressão, auto- ironiamasoquista, obsessão pela morte como solução para os problemas emocionais. O tema predileto dos poetas ultra-românica é a fuga da realidade. Como consequência desse total insatisfação perante a realidade, há a morte prematura de um grande número de jovens ( entre 20 e 30 anos), constituindo-se num verdadeiro “mal do século”.
Os poetas brasileiros dessa fase do romantismo dão grande ênfase á vida sentimental. A poesia, desse modo, é intimista e egocêntrica.
Autores da 2ª Geração

Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo ( São Paulo, 12 de setembro de 1831- Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852)foi um escritor da segunda geração romântica, contista. Dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, filho do doutor Inácio Manuel Álvares de Azevedo e dona Luísa Azevedo, foi extremamente devotado á família, como se pode ver pelo inicio de um de seus mais célebres poemas:
Passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São Paulo (1847) para estudar na faculdade de direito do Largo de São Francisco, onde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destaca-se pela facilidade de aprender línguas e pelos espíritos jovial e sentimental. Durante o curso de direito, traduz o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduz Parisina, de Lord Byron; funda a revista da sociedade ensaio filosófico paulistano (1849); inicia o poema épico “O Conde Lopo” do qual só restou fragmentos.
Não chegou a concluir o curso, pois adoeceu de tuberculose. Porem, o que deu fim real a sua vida foi um tumor na fosse ilíaca que piorou depois de sua queda de cavalo, aos 20 anos. A sua obra compreende; Poesias diversas, poema do Frade, O drama Macário, romance O livro de Fragondicário, Noite na taverna, Cartas, Vários Ensaios (Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla), e a sua principal obra lira dos vinte anos ( inicialmente planejada para ser publicada num projeto – As Três Liras – em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães). É patrono da cadeira nª 2 da Academia Brasileira de letras (ABL).
Um aspecto característico de suas obras e que tem estimulado mais discussão diz respeito a sua poética, que ele mesmo definiu como uma “binomia”, que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica. É importante salientar o prefácio á segunda parte da Lira dos Vinte anos. Um dos pontos críticos de sua obra e na qual define toda a sua poética. É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com os poemas Ideias íntimas da segunda parte da Lira.
Figura na antologia do cancioneiro nacional. E foi muito lido até as duas primeiras décadas do século XX, com constantes reedições de sua poesia e antologias. As últimas encenações de seu drama Macário, foram em 1994 e 2001.
Pertenceu á segunda geração do romantismo brasileiro, cuja poesia se caracterizou pelo ultra- romantismo, pela subjetividade e pelo pessimismo frente é vida. Em todo o mundo, os integrantes da 2ª geração olhavam com desencanto para a vida e considerava o sentimento do tédio como o “mal do século”. Levavam vidas boêmias e desregradas, o que levou grande parte deles a contrair tuberculose.
A morte constitui o tema de grande parte dos poemas de Álvares de Azevedo. O paradoxo é que sendo ele o poeta dos versos sombrios e cinzentos, foi também quem introduziu o humorismo na poesia brasileira, devido á irreverente ironia de alguns dos seus poemas, como o famoso “Namoro a Cavalo” ou “A lagartixa” que começa com os seguintes versos:
“A lagartixa ao sol ardente vive/ E fazendo verão o corpo espicha:/ O clarão de teus olhos me dá vida/ tu és o sol e eu sou a lagartixa”.
Outro elemento constante em suas poesias é a mulher, ora apresentada como virgem, bondosa e amada, ora prostituta, ordinária e vadia. Seus poemas também são marcados pelo patriotismo e o saudosismo da infância, além de certo satanismo, ligado á morbidez e á rebeldia dos românticos.
Álvares de Azevedo foi vitimado pela tuberculose ais 21 anos incompleto. Todas suas obras foram publicadas em livro postumamente: os poemas de “Lira dos Vinte Anos”, a peça teatral “Macário”, e o livro de contos “A Noite na Taverna”.
Casimiro de Abreu
Filho de um abastado comerciante e fazendeiro português, e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira viúva. A localidade onde nasceu, barra de São João, é hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamada “Casimirana”, em sua homenagem. Recebeu apenas a instrução primária no Instituto Freeze, dos onze ais treze anos, em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região serra do estado do Rio de Janeiro, e para onde convergiam, á época, os adolescentes induzidos pelos pais a se aplicarem aos estudos.
Aos treze anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar com o pai no comercio: com ele, embarcou para Portugal em 1853, onde entou em contato com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. Com seu sentimento nativista e as saudades da família escreveu: “estando a minha casa á hora da refeição, pareceu-me escutar risadas infantis da minha mana pequena. As lagrimas brotavam e fiz os primeiros versos de minha vida, que teve o titulo de Ave Maria”.
Em Lisboa, foi representado seu drama “Camões e o Jau” em 1856, que foi publicado logo depois. Seus versos mais famosos do poema “Meus oito anos”: oh! Que saudade que tenho/ da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/ que os anos não trazem mais!/ que amor, que sonhos, que flores,/ naquelas tardes fagueiras,/ á sombra dos bananeiros,/ debaixo dos laranjais!
Em 1857 retornou ao Brasilpara trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no entanto, não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez amizade com Machado de Assis. Escolhido para a recém fundada Academia Brasileira de Letras, tornou-se patrono da cadeira nª 6.
Tuberculose retirou-se para fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do município que recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma recuperação de estado de saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme deseja onde nasceu, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, em Barra de São João, junto ao túmulo do pai. Em 1859 editou as suas poesiasreunidas sob o titulo de “Primaveras”.
Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais populares do romantismo no brasil. Deixou uma obra cujos temas abordavam a casa paterna, a saudade da terra natal e o amor ( mas este trata sem a complexidade e a profundidade tão caras a outros poetas românticos).
A localidade de Barra de São João passou a se chamar “Casimiro de Abreu” em sua homenagem.
Junqueira Freire
Luís José Junqueira Freire nasceu em Salvador (BA), no dia 31 de dezembro de 1832. Filho de José Vicente de Sá Freire e Felicidade Augusta Junqueira, tiveram a infância e a juventude comprometida por problemas de ordem cardíaca, fato que o levou a concluir os estudos primários de forma irregular.
Em 1849 matriculou-se no Liceu Provincial, onde cursou Humanidade e se destacou como um excelente aluno, grade leitor e poeta. Por pressões familiares e motivadas pelas inconstâncias da própria vida, ingressou na “Ordem dos Beneditinos” dois anos mais tarde, em 1851.
Nas clausuras do Mosteiro de São Bento de Salvador, o jovem Junqueira freire não manifestava a menor vocação monástica. Este período de sua vida foi repleto de amarguras, revoltas e arrependimentos pela decisão irrevogável que tomara. Porém, pôde fazer suas leituras preferidas e dedicar-se a escreve poemas, além de atuar como professor atendendo pelo nome de Frei Luís de Santa Escolástica Junqueira Freire.
No ano de 1853 pediu a secularização que seria outorgada apenas no ano seguinte. Este recurso que lhe permitiria libertar-se das disciplinas monásticas, embora ainda permanecesse sacerdote por força dos perpétuos. Assim, recolheu-se a casa de sua mãe onde redigiu uma breve autobiografia, que manifestava um agudo senso de auto- análise. Paralelamente, dedicou-se a reunir uma coletâneo de seus versos, que viria a ser Intituladas Inspirações do Claustro. Esta obra foi impressa na Bahia pouco tempo antes de sua morte, ocorrida em 25 de junho de 1855, aos 23 anos, motivada pelas enfermidades cardíacas de que sofreu por toda a vida.
A figura humana de Junqueira Freire é facilmente percebida ao analisarmos o conteúdo de sua obra. “Contrária a si mesmo, contando por inspirações apostas, aparece-nos o homem através do poeta romântico”, como descreveu Machado de Assis. O jovem que sofreu a vida debilitada em sua saúde, e optou ainda na adolescência por uma vida clerical, via-se prisioneiro do próprio erro e lamuriava-se clamando pela morte em seu claustro.
Sua curta e sofrida passagem no mosteiro, forneceu-lhe os temas mais frequentes dos versos. Dai proveio és características principais de sua personalidade jovial, porémconflitante, que desembocaram em citações com o prologo de inspirações do Claustro: “Contei o monge, porque ele é escravo, não da cruz, mas do arbítrio de outro homem. Contei o monge, porque não há ninguém que se ocupe de cantá-lo. E por isso que cantei o monge, cantei também a morte. É ela o epilogo mais belo de sua vida: e seu único triunfo.”
Portanto, fica evidente o teor complexo de sua mensagem poética, comum aos romântico e vulnerável é penumbra do segundo período da geração romântica no brasil. Alguns tópicos como o drama da escolha errônea em sua vocação, aliada á crise moral e o conflito interior que o levou a retroceder em sua opção, refletem no horror ao celibato; no desejo reprimido que o perturbava e aguçava o sentimento de pecado entre a oração e a heresia; na revolta contra a regra, contra o mundo e contra si; no remorso e, como consequência, na obsessão da morte. Um tumulto, um confronto de ideais comprimidos ás celas do mosteiro, externado mas não suprimido. Além de um sentimento brasileiro que beirava o ufanismo, e uma tendência antimonárquica, social e liberal.
Teve como obras: Inspirações do Claustro (1855); elementos de Retorica Nacional (1869); obras, edição critica por Roberto Alvim, 3 vols. (1944); Junqueira Freire, organizado por Antônio Carlos Vilaça ( Coleção Nossos Clássicos, n. 66); desespero na solidão, organizado por Antônio Carlos Vilaça (19760 e obras poética de Junqueira Freire (1970).
Fagundes Varela

Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu no estado do rio de Janeiro, na cidade de rio Claro, em 18 de agosto de 1841. Era filho de Emiliano Fagundes Varela e Emília de Andrade. Passou a infância na fazenda. Santa Rita e na Vila de S. João Marcos, onde o pai era juiz. Posteriormente, residiu em Catalão, Goiás; nesta cidade, Fagundes Varela conheceu Bernardo de Guimarães, o então juiz municipal. De volta ao Rio de Janeiro, morou em Angra dos Reis e Petrópolis, concluindo ali os estudos primários e secundários.
Em 1861 publicou o primeiro livro de poesia, Noturnas. No ano de 1859 Fagundes Varela viaja para São Paulo, e em 1862 matricula-se na Faculdade de direito, que nunca seria concluída, optando pela literatura e dissipando-se na boemia, fortemente influenciado pelo “byronismo”. dos estudantes paulistanos. No mesmo ano casou-se com Alice Guilhermina Luande, atriz circense da cidade de Sorocaba. Este matrimonia não era desejado pelas famílias do casal, assim a penúria financeira de Fagundes Varela foi agravada.
            Umas das mais belas obras do autor é o poema Cântico do Calvário, inspirado na morte precoce de Emiliano, seu primeiro filho, falecido aos três meses de vida. A partir deste momento, o poeta entrega-se definitivamente ao alcoolismo. Em contrapartida, cresce sua inspiração criadora.
Vozes da América foi publicada em 1864, e sua obra- prima Cantos e Fantasias, em 1865. No ano seguinte, viaja para Recife e é avisado sobre o falecimento da esposa. Assim, em 1867 retorna para São Paulo e matricula-se novamente no 4ª ano de direito. Porém, abandona o curso mais uma vez e recolhe-se na casa paterna, em sua cidade natal. Fagundes Varela permanece até 1870em Rio Claro, compondo suas obras entre noitadas boêmias, vagando indefinidamente pela vida.
            Casou-se pela segunda vez com a prima Maria Belisária, com quem teve duas filhas e uma filha que também morreu prematuramente. Em 1870 vai para Niterói na companhia de seu pai, estabelecendo-se ocasionalmente na casa de familiares e ainda frequentando a vida noturna carioca. Em 17 de fevereiro de 1875, morre aos 34 anos de apoplexia, já em estado de completo desequilíbrio mental.
Em uma de suas primeiras obras (Arquétipo),Fagundes Varela revela-se um hábil na arte de versar. Além da angústia predominante em sua poesia, percebe-se também uma forte apelação religiosa e mística. A influência amorosa a até mesmo os temas sociais e patrióticos enquadram-se na totalidade de sua extensa obra. Varela é o patrono da cadeira n° 11 da “Academia Brasileira de Letras”, por escolha do fundador Lúcio de Mendonça.
Escreveu as seguintes obras: Noturnas (1861); Vozes da América (1864); Cantos e Fantasias (1865); Cantos Meridionais e os Cantos do Ermo e da Cidade (1869). Deixou inédito o Anchieta ou Evangelho na selva (1875), o Diário de Lázaro (1880) e outras poesias. Otaviano Hudson, amigo fiel, reuniu os Cantos Religiosos (1878), com o fim de auxiliar a viúva e filhos do poeta.aspoesias completas, organizada por Frederico José da Silva Ramos, foram lançadas em 1956.