Condoreirismo
Nome dado á vertente social da poesia romântica. Os poetas que tratam de temas relacionados a questões sociais eram conhecidos como condoreiros.
Poesia social e libertária que reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II. Geração marcada pela temática social e a defesa de ideias igualitárias.
As décadas de 60 e 70 do século XIX representam para a poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo em que muitos dos procedimentos da primeira e da segunda geração são mantidos, novidades de forma e de conteúdo dão origem é terceira geração da poesia romântica, mais voltada os problemas sociais e com uma nova forma de trata o tema amoroso.
Fugindo um pouco do egocentrismo dos ultrarromânticos, os condoreiros desenvolveram uma poesia social, comprometidos com a causa abolicionista e republicana. Em geral são poemas de tom grandiloqüente, próximos da oratória, cuja finalidade é convencer o leitor-ouvinte e conquistá-lo para a causa defendida.
O nome da corrente, condoreirismo, associa-se ao condor ou outras aves, como a águia, o falcão e o albatroz, que foram tomadas como símbolo dessa geração de poetas com preocupações sociais. Se identificado com o condor, ave de vôo alto e solitário, com capacidade de enxergar a grande distancia, os poetas condoreiros supunham ser eles também dotados dessa capacidade e, por isso, tinham o compromisso, como poetas-gênios iluminados por deus, de orientar os homens comuns para os caminhos da justiça e da liberdade.
Autores da 3ª Geração
Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847 em Curralinho, na Bahia. Em 1862 foi para o Recife com o intuito de estudar direito. Lá, além de iniciar o seu romance com atriz portuguesa Eugênia Câmara, percebe também os primeiros sintomas da tuberculose. Em 1864, após ser reprovado nos primeiros exames necessários para a admissão na faculdade, ingressa na faculdade de direito, porém dedica-se mais á poesia do que aos estudos. Nesse período conhece Tobias Barreto, a quem tanto admirava e cujas idéias liberais passou a seguir.
Em 1867 abandona definitivamente o Recife e vai para Salvador, onde é encenada a peça “Gonzaga” ou “Revolução de Minas” de sua autoria.
Em 1868 vai para São Paulo acompanhado de Eugênia Câmara e do amigo Rui Barbosa, com quem fundou uma sociedade abolicionista, e matricula-se no terceiro ano da faculdade de direito do largo São Francisco, onde declama pela primeira vez o poema “Navio Negreiro”. ainda nesse ano é abandonado por Eugênia e, durante uma caçada, fere acidentalmente o pé com uma arma de fogo. Esse acidente provocou a amputação de seu pé, logo em seguida, sua tuberculose agrava-se e o poeta vai para a Bahia, onde falece em 6 de julho de 1871. A obra de Castro Alves, O poeta dos escravos, foi fortemente influenciada pela literatura político-social de Vitor Hugo. O poeta cultivou o egocentrismo, porém diferentemente dos românticos tradicionais, interessou-se também pelo mundo que o cercava e defendeu a republica, a liberdade e a igualdade de classes sociais. Castro Alves, segundo Jorge Amado, teve muitos amores, porém, o maior de todo ele foi a liberdade.
Se por um lado a temática social adotado por Castro Alves já o aproximam do realismo, por outro a sua linguagem, repleta de figuras de estilo (metáforas, comparações, personificações, invocações, hipérboles, típicas do condoreirismo), o enquadra perfeitamente no movimento romântico. Além disso, o poeta não deixou de lado a poesia de caráter lírico-amoroso, cultivado por todos os escritores de sua época. Mas, deferentemente de seus contemporâneos, raramente idealiza a figura feminina; ele nos apresenta uma mulher mais concreta, mais próxima de um ser de “carne e osso”, mais sensual.
Sousândrade
Joaquim de Sousa Andrade (Guimarães, 9 de julho de 1833 – São Luís, 21 de abril de 1902) foi um escrito e poeta brasileiro. Formou-se em letras pela sorbnne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas. Republicano convicto e militante transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos.
Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas selvagens, em 1857. Viajou por vários países ate fixa-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte, sucessivamente ampliados e corrigidos nos anos seguintes. No período de 1871 a 1879 foi secretario e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA).
Retornando ao Maranhão, comemora com entusiasmo a proclamação da Republica. Em 1890 foi presidente da Intendência Municipal se São Luís. Realizou a reforma do ensino, fundou escolas mistas e idealizou a bandeira do Estado, garantindo que suas cores representassem todas as raças ou etnias que construíram sua historia. Foi candidato a senador, em 1890, mas desistiu antes da eleição. No mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da Constituição Maranhense.
Morreu em São Luís, abandonado, pobre e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas.
Resgatado no inicio da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso romantismo.
Em 1877, escreveu: “Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci – decepção de quem escreve 50 anos antes”.
Tobias Barreto
Tobias Barreto de Meneses nasceu na vila Sergipana de Campos a 7 de junho de 1839, sendo filho de Pedro Barreto de Meneses, escrivão de órfãos e ausentas da localidade. É o patrono da cadeira nº 38 da Academia Brasileira de letras. Aprendeu as primeiras letras com o professor Manuel Joaquim de Oliveira Campos. Estudou latim com o padre Domingos Quirino, dedicando-se com tal aproveitamento que, em breve, iria ensinar em Itabaiana.
Em 1861 segui para Bahia com intenção de frequentar um seminário, mas, sem vocação firme, desistiu de imediato. Sem ter prestado exame preparatórios voltou á sua vila donde sairá com destino a Pernambuco. Em 1854 e 1865 o jovem Tobias, para sobreviver, deu aulas particulares de diversas matérias. Na ocasião prestou concurso para a cadeira de latim no Ginásio Pernambucano, sem conseguir, contudo, a desejada nomeação. Em 1867 disputou a vaga de Filosofia no referido estabelecimento. Venceu o prélio em primeiro lugar, mas é preterido mais uma vez por outro candidato. “Para ocupa o tempo entrega-se com afinco á leitura dos evolucionistas estrangeiros, sobretudo o alemão Ernest Haeckel que se tornaria um dos mais famosos cientistas da época com seus livros “Os Enigmas do Universo” e “ As Maravilhas da Vida”.
No campo das produções poéticas passou Tobias a competir com o poeta baiano Antônio de Castro Alves, a quem superava, contudo, no lastro cultural. O fato de ser mestiço prejudicou-lhe a vida amorosa numa época cheia de preconceitos, conforme testemunha de Silvio Romero. No oratório Tobias se revelava um mestre, qualquer que fosse o tema escolhido para debater. Ainda antes de concluir o curso de direito casou-se com a filha de um coronel do interior, proprietário de engenhos no município de Escada. A moradia em escada durou cerca de dez anos. Ao voltar ao Recife, aos escassos proventos que receberia juntaram-se os problemas de saúde que acabaram por impeli-lo de sair de casa. Tentou uma viagem á Europa para restabelecer-se fisicamente. Faltavam-lhe os recursos financeiros para isso. Em Recife abriram-se subscrições para ajuda-lo a custear-lhe as despesas.
Em 1889 estava praticamente desesperado. Uma semana antes de morrer enviou uma carta a Silvio Romero solicitando, angustiosamente, que lhe enviasse o dinheiro das contribuições que haviam sido feitas ate 19 de junho daquele ano. Sete dias mais tarde faleceu, hospedado na casa de um amigo. A obra de Tobias é de significativo valor, levando em conta que o professor sergipano não chegou a conhecer a capital do Império.
Suas “Obras Completas” editadas pelo Instituto Nacional do livro incluem os seguintes títulos: “Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica”, em 1875. “Brasilien, wie es ist”, 1876. “Ensaio de pré-história da literatura Alemã”. “Filosofia e Crítica”. “Estudos Alemães”, 1879. “Dias e Noites”, 1881. “Polêmicas”, 1901. “Discursos”, 1887. “Menores e Loucos”, 1884.
Romantismo-Resumo
(Aspectos históricos)
1. A vinda da família Real Portuguesa ao Brasil (1808) e suas contribuições para a construção de um universo econômico e culturalmente burguês no século XIX:
a. O luxo e a urbanização.
b. Os incentivos ao desenvolvimento de atividades agrárias, comerciais e industriais.
c. Reforma ano ensino; o ensino superior, a primeira universidade.
d. O estabelecimento de tipografias e o desenvolvimento da imprensa.
e. O aparecimento de um público leitor burguês á procura de entretenimento.
f. A fixação de um pensamento nativistas e nacionalista na cultura brasileira.
2. A proclamação da Independência em consonância com os ideais burgueses de liberdade, igualdade e fraternidade.
3. As influências do liberalismo inglês e francês.
4. Um Brasil em transformação: Nacionalismo (Nativismo) x Universalismo (Liberalismo).
Romantismo – bases Ideológicas:
a) Nacionalismo: no culto á natureza, no regionalismo e na pesquisa histórica, lingUística e cultural comprometida com a cor local.
b) Anticolonialismo: na negação da dependência politica e cultura e na afirmação do sentimento de brasilidade e de liberdade.
c) Heroísmo Nativista: no indianismo e no culto á história nacional.
d) Liberalismo: no individualismo, no egocentrismo e no compromisso com as lutas libertárias.
e) Idealismo Alemão: no sonho e na imaginação, se sobrepondo á própria realidade.
Poesia Romântica:
Primeira Geração:
a) Suspiros Poéticos e Saudade
b) Nacionalismo, natureza e religiosidade.
c) Contenção lírica, melancolia e conservadorismo formal.
Gonçalves Dias:
a) Nacionalismo, natureza e religiosidade: Canção do Exílio – a Pátria Amada idolatrada.
b) Lirismo Amoroso: Se morre de amor – o amor idealizado.
c) Indianismo: I-Juca Pirama: o índio como ser belo e heroico: origem da raça brasileira.
d) Medievalismo atualizado: Leitor de Folhas verdes – o lirismo medieval cruzado com cor local.
Os mais importantes poemas indianistas de Gonçalves Dias são: “O Canto de Piaga”, “I-Juca Pirama”, “Marabá”, “Leito de Folhas Verdes” e “Canção do Tamoio”.
Segunda Geração:
Álvares de Azevedo
a) O mal-do-século / byronismo – mulher idealizada e pura (bela adormecida, sonhada ou morta); a frustração; o pessimismo; a angústia; a solidão; o locus horrendus, o satanismo e a atração pela morte.
b) A sátira aos valores românticos: a musa, o amor, o herói, poeta, e a morte ironizada.
Casimiro de Abreu
a) O passado e a fuga da realidade: Meus Oito Anos – a infância como espaço e tempo de felicidade perdida.
b) O lirismo amoroso: a tristeza diante da vida e o sensualismo disfarçado e negado.
c) O nacionalismo expresso no culto á natureza e nos sentimentos de saudades.
d) As situações corriqueiras, cotidiano como matrizes de uma poesia suave, leve destinada ao entretenimento burguês.
Terceira Geração:
Castro Alves:
a) O Romantismo social: Navio Negreiro – a imensidão do espaço, o sonho de liberdade, a indignação, a Revolução Burguesa (republicanismo e abolicionismo).
b) O lirismo amoroso: sensualidade e maturidade.
Sousândrade
a) A metáfora acima de tudo: símbolo e símbolos, renovadores e confusos.
b) A vastidão de recursos: vocabulário nativista e clássico juntos, metáforas renovadoras e originais; jogos sonoros e gráficos.
c) A síntese bem feita: a cor local, do derramamento lírico, a pátria amada, a saudade.