O TEATRO ROMÁNTICO
Quando os jesuítas chegaram ao país, no século XVI, o teatro foi uma das formas utilizadas para catequizar os índios; porém a sociedade brasileira não tinha receptividade para esse tipo de arte, que acabou substituindo de forma com curta duração.
Quando D. João chegou ao Brasil, em 1808, encontrou um pais carente de lazer e cultura e para reverter a situação ordenou o inicio de uma série de obras que resultaram no aparecimento da Biblioteca Nacional, do Jardim Botânico e também do teatro São João. Durante o romantismo começaram a surgir textos teatrais brasileiros capazes de serem levados ao palco. Foi com Martins Pena que o teatro do Brasil tomou impulso.
O teatro brasileiro, entendido como um sistema integrado por outros, intérpretes, obras e público, nasceu com o Romantismo. Além da poesia e da prosa, obras do gênero dramático também foram produzidas nessa escola literária. O teatro romântico de define-se apoiado na tradição clássica do teatro de SHAKESPEARE, no drama burguês e no teatro tradicional de algumas de algumas literaturas. No romantismo, há o rompimento da lei das três unidades do teatro clássico (tempo, espaço, ação); passa-se do verso á prosa. Com a transformação do teatro clássico, concebe-se um teatro moderno para os problemas humanos, morais, sociais da época. As peças apresentam multiplicidade de circunstâncias e de personagens.
Com a vinda da família real para o Brasil (1808) é que nasce rigorosamente o teatro nacional. Gonçalves de Magalhães e o ato João Caetano dos Santos são considerados os introdutores do teatro brasileiro. Gonçalves de Magalhães escreve, em 1838, a primeira peça romântica (tragédia) produzida no Brasil: Antônio José ou O Poeta e a Inquisição encenada por João Caetano (1808-1863) é considerado o primeiro grande ator brasileiro, especializado em papéis dramáticos. A peça Leonor de Mendonça, em três atos, escrita em prosa por Gonçalves Dias, revela a consciência do drama moderno. José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo são exemplos significativos da missão reformadora do teatro romântico. Também podemos destacar a peça O Noviço de Martins Penas, o primeiro dramaturgo brasileiro importante.
Assim como a literatura os temas do cotidiano, o individualismo, o nacionalismo e a religiosidade também aparecem na dramaturgia brasileira desta época são as principais características do período. O drama romântico em geral opõe num conflito o herói e o vilão.
Em 1855, o teatro brasileiro passa por uma renovação: “os dramalhões e as comedias são substituídos pelos chamados dramas de casaca, teatro da atualidade, de tese social e de analise psicológica, transição o teatro realista”, conforme diz Soares Amora.
Martins Pena
Luís Carlos Pena teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de novembro de 1815, e faleceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1848. É o patrono da cadeira nª 29, por escolha do fundador Artur Azevedo.
Era filho de João Martins Pena e Francisca de Paula Julieta Pena. Órfão de pai com um ano de idade e de mãe aos dez foi destinado pelos tutores á vida comercial. Completou o curso do comércio em 1835. Cedendo á vocação, passou a frequentar a Academia de Belas Artes, onde estudou arquitetura, desenho e música; simultaneamente estudava línguas, história, literatura e teatro. Em 1838, entrou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Doente de tuberculose, e fugindo ao frio de Londres, veio a falecer em Lisboa, em trânsito para o Brasil.
De 1846 a 1847, fez crítica teatro como folhetinista do jornal do Commercio. Seus textos foram reunidos em folhetins. A semana lírica. Mas foi como teatrólogo a sua maior contribuição á literatura brasileira, em cuja história figura como o fundador da comédia de costumes. Desde O juiz de paz da Roça, em um ato, representada pela primeira vez, em 4 de outubro de 1838, no teatro de são Pedro, até A barriga de meu tio, comédia burlesca em três atos, representada no mesmo teatro em 17 de dezembro de 1846, escreveu aproximadamente 30 peças, o autor tinha apenas 33 anos quando faleceu. O caráter geral de todas as suas peças é o da comédia de costumes. Dotado de singular veia cômica, escreveu comédias e farsas que encontraram, na metade do século XIX, um ambiente receptivo que favoreceu a sua popularidade. Envolve, sobretudo a gente da roça e do povo comum das cidades. Sua galeria de tipos, constituindo um retrato realista do Brasil na época, compreende: funcionários, meirinhos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, falsos cultos, profissionais da intriga social, em torno de casos de família, casamentos, heranças, dotes, dividas, festas da roça e das cidades. Foi, assim, Martins Pena, quem imprimiu ao teatro brasileiro o cunho nacional, apontando os rumos e a tradição a serem explorados pelos teatrólogos que se seguiriam. A sua arte cênica ainda hoje é representado com êxito.
Algumas obras: O juiz de paz da roça, comediante em 1 (um) ato (repr. 1838); A família e a festa na roça, comédia em 1 ato (repr. 1840); O Judas em sábado de aleluia, comédia em 1 ato (repr. 1844); namorador ou noite de São João, comédia em 1 ato (1845); O noviço, comédia em 3 atos (1845); o caixeiro da Taverna, comédia em 1 ato (1845); quem casa quer casa, proverbio em 1 ato (1845); e diversas outras comédias e dramas. Foram reunidos no volume comédias, editado pelo Garnier (1898) e em teatro de Martins Pena, 2 volumes, editado pelo Instituto Nacional do Livro (1965). O volume folhetins. A semana lírica (1965, ed. MEC/INL), abrange a colaboração do autor no jornal do Commercio, de agosto de 1846 a outubro de 1847.
Martins Pena não teve seguidores diretos, exceção talvez a Artur de Azevedo. Contudo, o teatro de costumes, um teatro semipopular, sem grandes pretensões estéticas, continuou existindo como única veia autêntica do palco nacional, no século passado.
Uma de suas grandes peças teatrais destaca-se: O Noviço, dividido em três atos, que são passados no Rio de Janeiro. É uma comédia romântica que explora de maneira interessante o bem e o mal típico desse estilo literário. Representado pela primeira vez no teatro são Pedro (Rio de Janeiro), em 10 de agosto do mesmo ano, talvez seja o texto mais bem construído de todas as comédias de Martins Pena, O Noviço é ainda hoje encenado, como convém a um clássico da nossa literatura dramática.
Tematizando a liberdade de escolha entre os jovens, O Noviço é uma comédia romântica que explora de maneira interessante o maniqueísmo típico desse estilo literário: na dualidade entre enganados e enganadores, entre fracos e fortes, enfim, entre o bem e o mal, há uma união do primeiro pólo – o pólo dos enganados, dos fracos, do bem – que assim se reforça e consegue vencer o segundo: o pólo dos enganadores, dos fortes, do mal...
Resumo do O noviço
Umas das poucas peças de Martins Pena em três atos, O noviço gira em torno da pérfida ação de Ambrósio que se casa por interesse com Florência, rica viúva, mãe da jovem Emília, de Juca e tutora dos sobrinhos Carlos, este o personagem principal da peça. O vilão Ambrósio já havia convencido a mulher colocar Carlos (o noviço) em um seminário. Agora quer também internar Emília em um convento, pois ele se encontra em idade de casar e teria de receber um dote significativo da mãe. Igual destino aguarda Juca que deve se tornar frade. Assim, Ambrósio ficaria com toda a fortuna de Florência. Carlos, no entanto, foge do convento e esconde-se na casa da tia. Já que quer fazer carreira militar e, sobretudo, desposar a prima Emília, por quem está apaixonado. O acaso o ajuda na luta contra Ambrósio: vinda do Ceará surge Rosa, a primeira mulher do vilão e da qual ele não se separara oficialmente. Rosa conta a Carlos que o seu marido desaparecera com todo o dinheiro que ela possuía.
O problema imediato de Carlos, porém, é livrar-se do Mestre dos noviços que está atrás dele para reconduzi-lo ao convento. Em cena hilariante, aproveita-se da ingenuidade da mulher e troca de roupa com ela. Estar, em seguida, é encontrado pela autoridade religiosa com a batina do rapaz. Confundida com o noviço fugido, é remetida imediatamente ao seminário. Enquanto isso, Carlos, vestido de mulher, começa a ameaça Ambrósio com a história de sua bigamia. Após inúmeras peripécias, o vilão é desmascarado diante da própria Florência, e os jovens Carlos e Emília ficam livres para o mútuo envolvimento amoroso.
Resumo de Os dois ou inglês maquinista
Mariquinha e seu primo Felício se amam, mas como este é pobre não há possibilidade de casamento. A moça é cortejada por outros dois homens: Negreiro, um traficante de escravos, e Gainer, um inglês espertalhão. A critica operada contra os dois personagens – ambos desejosos de obter a fortuna pessoal da jovem mediante o casamento – parece transcende á banalidade das tramas de Martins Pena. Funciona como metáfora da própria realidade nacional, dominada no plano econômico pelos traficantes e pelo capital inglês. Á chegada do pai de Mariquinha, a quem todos julgavam mortos, soma-se o conflito entre o inglês e o traficante (outra metáfora da história do Brasil da época?), permitindo a revelação dos caracteres degradados dos dois pretendentes. Assim, Mariquinha e o primo Felício podem efetivar a relação amorosa, como se o brasileiro simbolicamente tomasse posse da riqueza da nação.
Teatro Romântico – resumo
· O Teatro do Brasil x O Teatro no Brasil
· O Drama Romântico e as Comédias de Costumes
Martins Pena
· A Comédia de Costumes.
· O Noviço: cotidiano, bom humor, malandragem e amor.
Comédia
· O Juiz de paz na Roça ( escrita em 1833, encenada em 1838 e editado em 1842)
· Um Sertanejo na Corte (inacabada)
· A Família e a Festa na Roça (1840)
· Os Dous ou o Inglês Maquinista (1845)
· O Judas em Sábado de Aleluia (1844)
· Os Irmãos das Almas (1844)
· O Diletante (1845)
· Os Três Médicos (1845)
· O Namorador ou a Noite de São João (1845)
· O Noviço (1845)
· O Cigano (1845)
· O Caixeiro na Taverna (1845)
· As Casadas Solteiras (1845)
· Os Meirinhos (1846)
· Quem Casa Quer Casa (1845)
· Os Ciúmes de um Pedestre ou o Terrível
· Capitão do Mato (1846)
· As Desgraças de uma Criança (1846)
· O Usuário (1846)
· O Jogo de Prendas (1846)
· O segredo de Estado (1846)
· A Barriga de Meu Tio (1846)
Dramas
· Fernando Ou O Cinto Acusado (1837)
· D. João de Lira ou O Repto (1838)
· D. Leonor Teles (1839)
· Itaminda ou O Guerreiro de Tupã (1839)
· Vitiza ou O Nero da Espanha (1841)
Novela
· O Rei do Amazonas (1846/1847)